segunda-feira, 16 de março de 2020

Portugal e os Portugueses - 2 Crónicas de Miguel Esteves Cardoso

Amo-te, Portugal

Portugal,

Estou há que séculos para te escrever. A primeira vez que dei por ti foi quando dei pela tua falta.
Tinha 19 anos e estava na Inglaterra. De repente, deixei de me sentir um homem do mundo e percebi, com tristeza, que era apenas mais um dos teus desesperados pretendentes.

Apaixonaste-me sem que eu desse por isso. Deve ter sido durante os meus primeiros 18 anos de vida, quando estava em Portugal e só queria sair de ti. Insinuaste-te. Não fui eu que te escolhi. Quando descobri que te amava, já era tarde de mais.
 Eu não queria ficar preso a ti; queria correr mundo. Passei a querer correr para ti - e foi para ti que corri, mal pude.
Teria preferido chegar à conclusão que te amava por uma lenta acumulação de razões, emoções e vantagens. Mas foi ao contrário. Apaixonei-me de um dia para o outro, sem qualquer espécie de aviso, e desde esse dia, que remédio, lá fui acumulando, lentamente, as razões por que te amo, retirando-as uma a uma dentre todas as outras razões, para não te amar, ou não querer saber de ti.

Custou-me justificar o meu amor por ti. És difícil. És muito bonito e és doce mas és pouco dado a retribuir o amor de quem te ama. Até dás a impressão que tanto te faz seres odiado como amado; que gostas de fingir que estás acima disso, olhando para os portugueses de agora como o céu olha para os passageiros nos aviões.

Já que estava apaixonado, sem maneira de me livrar - nem sequer voltando para ti e vivendo contigo mais trinta anos - que remédio tinha eu senão começar a convencer-me que havia razões para te amar.

Encontram-se sempre. E, a partir de certa altura, quando já são seis ou sete razões que se foram arranjando ao longo dos anos, deixamos de amaldiçoar este amor que nos prende a ti e, inevitavelmente, começamos a sentir-nos, muito estúpida e secretamente, vaidosos por te amarmos. Como se fôssemos nós que tivéssemos sido escolhidos.

Digo nós mas falo por mim. Digo eu sabendo que não sou só eu, que nós somos muitos. Possivelmente todos. Tragicamente todos, um bocadinho. Se calhar estamos todos, de vez em quando, um bocadinho apaixonados por ti.

A tua pergunta bocejada, de país farto de ser amado, amado de mais, aborrecido com tanto amor, apesar da merda que tens feito e da maneira como nos pagas, é sempre a mesma: «Diz-me lá, então, porque é que me amas...»

Pois hoje vou-te dizer. Não me interessa nada a tua reacção. Estás a ver? Já comecei a mentir. É sinal que a minha carta de amor já começou.

Amo-te, primeiro, por não seres outro país. Amo-te por seres Portugal e estares cheio de portugueses a falar português. Não há nenhum outro país, por muito bom ou bonito, onde isso aconteça.

Mesmo que não achasse em ti senão defeitos e razões para deixar de te amar, preferia isso, mesmo deixando de te amar, a que não existisses.

Se deixasses de existir, o meu olhar ficava de luto e nunca mais podia olhar para o resto do mundo com os olhos inteiramente abertos ou secos ou interessados.

Para que continuasses a existir, mesmo fazendo cada vez mais merda, trocava imediatamente ir-me embora de ti e nunca mais poder voltar e nunca mais poder ver-te, e nunca mais encontrar um português ou uma portuguesa, e nunca mais poder ler ou ouvir a língua portuguesa.

E olha que este é um desejo que muitas vezes tenho.

Esta é a única verdadeira prova de amor: fazer tudo para que sobreviva quem se ama. Mesmo que nunca mais te víssemos, Portugal, saberíamos que continuavas a existir, que as nossas saudades teriam onde se agarrar. Por muito que mudasses, mal te deixássemos e nunca mais te víssemos, já não mudavas mais.

Mesmo que não houvesse em ti um único pormenor que não houvesse nos restantes países do mundo, que são muitos; mesmo que houvesse um país escondido que fosse igualzinho a Portugal em todos os pormenores; mesmo assim eu amar-te-ia como se fosses o único país do mundo, diferente em tudo.

Portanto, já viste, ó Portugal: não preciso de nenhuma razão para te amar. Amo-te sem razão. Amo-te às cegas, antes sequer de olhar para ti. Podes ser o pior país do mundo, ou o melhor, ou o mais monotonamente assim-assim. Não me interessa. Amo-te. Amo-te à mesma. Amo-te antes de falarmos nisso.

Amo-te tanto que, quando perguntas porque é que eu te amo, não fico nervoso nem irritado. Não preciso de tentar dar uma razão convincente. Amo-te à mesma, fiques ou não convencido.

E, mesmo que te aborreças de ouvir todas as razões que tenho para te amar, eu continuarei a dizê-las, porque gosto de dizê-las e porque, que diabo, também eu preciso, às vezes, de me lembrar e de me convencer do quanto eu te amo.

Amo-te mesmo que sejas impossível de conhecer ou de descrever. Isto é muito importante. O Portugal que eu conheço e descrevo é apenas o Portugal que eu julgo, se calhar, conhecer (pouco) e descrever (mal).

Cada pessoa apaixonada por ti está apaixonada por um Portugal diferente do meu. Até o meu Portugal é, conforme os climas, bastante diferente do meu - para não dizer estrangeiro.

Por exemplo, uma das razões por que te amo é o teu clima. Acho que tens um bom clima. Mas não julgues que há muitos portugueses apaixonados por ti que concordam comigo. Esses julgam o teu clima dia a dia e hora a hora e gostam dele, quando muito, vinte por cento do ano. Em cada cinco horas do teu clima, gostam de uma e odeiam quatro.

Pois eu amo-te sem saber sequer se o teu clima é bom ou mau. Não tenho a certeza, mas não interessa: amo-te mesmo ignorando tudo a teu respeito. Amo-te mesmo estando completamente enganado. A pessoa convencida sou eu. Quem está convencido que ama, quando fala do seu amor, não quer convencer ninguém. Quer declarar que ama. Se é bom ou mau nem secundário é. Fica noutro mundo, onde vivemos.

Como vês, não preciso de razões para te amar. Mas tenho muitas. E boas. A primeira delas é secreta e embaraça-me confessá-la: amo-te, Portugal porque, não sei como e contra todas as provas e possibilidades, acho que és o melhor país do mundo.

Pronto. Está dito. É uma vergonha pôr as coisas de uma maneira tão simples. Mas era isto que eu estava há que séculos para te dizer: amo-te, Portugal, por seres o melhor país do mundo.

Como vês não sou o romântico que estava a fingir ser, que te ama sem precisar de razões para isso. Tenho uma razão muito interesseira para te amar: acho que és o melhor país do mundo. Por muito relativista que eu seja noutras coisas, acho mesmo que tive sorte de nascer aqui. Em ti. Aqui, entre nós.

Desculpa.

Mesmo assim, insistes em perguntar: que tens tu de tão especial, que os outros países não têm?

Essa íntima vaidade, por exemplo. Tu não és orgulhoso. Mas, muito bem disfarçada, tens uma vaidade sem fim. Dizes-te feio e vestes-te mal mas, quando passas por um espelho, espreitas e achas-te giro. E se alguém te diz que és feio e estás mal vestido, não ficas ofendido - achas que aquela pessoa é obviamente estúpida e não tem olhos na cara.

Ou, pelo menos, não tem o discernimento e o bom gosto necessários para apreciar a tua oblíqua mas inegável formosura. A tua beleza, estás convencido, está reservada para os apreciadores. A ralé passa ao lado e não vê: deixá-la passar.

A tua vaidade é tanta que até te permites um grande desleixo. Sabes que, na terra onde nada plantaste, há-de crescer um jardim preguiçoso que um dia será selvagem e bonito, sem qualquer esforço teu. Deus e o tempo trabalham por tua conta.

Sabes que a tinta fresca salta muito à vista e que é cansativa. Esperas, despreocupado, pela beleza que há-de vir com a passagem dos tempos. E a vaidade que sussurra, preguiçosamente, a quem insista em aproximar-se: «Sim, eu sei que sou uma casa bonita e não, não me lembro da última vez que fui pintada. Eu cá não preciso de me abonecar.»

Graças ao desleixo que a tua vaidade consente, mudas menos do que os outros países. As pessoas acham que és conservador, que és contra a mudança. Mas não é isso. És vaidoso e preguiçoso porque achas que não precisas de grandes esforços ou mudanças: sabes que continuas encantador.

O teu desleixo também é causa de muito sofrimento mas não é numa carta de amor que vou falar dele. Também tem consequências agradáveis.

Por exemplo, dizes que queres ser um país de primeira categoria. Mas sabemos todos que não queres. Gostas de ser de segunda, como gostas de não ser de terceira. Gostas de ter países melhores do que tu, para visitar ou invocar, quando fazes aquela fita de lamentar que não seja possível teres tudo o que tens de bom, menos tudo o que tens de mau, trocado pelo melhor que houver nos outros países.

Tu não queres nada a não ser que gostem de ti. E não estás disposto a fazer nada por isso. Nem é preciso serem muitos a gostar. Se calhar, até te bastava um. Aposto que é essa a impressão que consegues dar a cada um dos desgraçados, como eu, que estão apaixonados por ti.

Eu poderia perder anos a fazer um cuidadoso retrato de ti. Por muito verosímil que fosse, davas uma olhadela e dizias com desdém, a fazer-te caro ao mesmo tempo: «Isso não sou eu. Isso é outro país qualquer que inventaste...»

É a tua maneira, Portugal amado, de garantir que continuaremos a tentar retratar-te. Tanto te faz que o retrato seja feio ou bonito, desde que seja de ti.

Quanto mais variados forem, mais gostas. Até tu, nas tuas paisagens, varias e hesitas tanto e recusas-te a decidir, como quem não tem pressa e, no fundo, não escolhe nem decide, porque quer tudo.

Preferias ser amado por quem tem razões para te odiar? Isso sei eu. Paciência. Eu amo-te porque mereces. Eu amo-te pelas tuas qualidades. Preferias não tê-las. Para que o amor fosse mais puro, mais contraditório, mais injustificável. Mas tens qualidades.
Desculpa lá dizer-te isto, Portugal, mas amar-te é uma coisa simples.

Amo-te, aconteça o que acontecer. Amo-te por causa de ti. Não é apesar de ti. É por causa de ti. Não há outra razão. Nem podia haver uma razão mais simples.

Por muito que te custe ouvir (apesar de eu saber que não só não te custa nada como gostas de ouvir), digo-te: é tão grande o meu amor por ti que até consigo amar-te sem dar por isso.

Já viste?

Miguel

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público' (10 Junho 2011)  




Miguel esteves CardosoSer Português é Difícil, por Miguel Esteves Cardoso

Os Portugueses têm o defeito de querer pertencer ao maior e ao melhor país do mundo. Ser Português é Difícil, por Miguel Esteves Cardoso.



Os Portugueses têm algum medo de ser portugueses. Olhamos em nosso redor, para o nosso país e para os outros e, como aquilo que vemos pode doer, temos medo, ou vergonha, ou «culpa de sermos portugueses». Não queremos ser primos desta pobreza, madrinhas desta miséria, filhos desta fome, amigos desta amargura.
Os Portugueses têm o defeito de querer pertencer ao maior e ao melhor país do mundo. Se lhes perguntarmos “Qual é actualmente o melhor e o maior país do mundo?”, não arranjam resposta. Nem dizem que é a União Soviética nem os Estados Unidos nem o Japão nem a França nem o Reino Unido nem a Alemanha.
Dizem só, pesarosos como os kilogramas nos tempos em que tinham kapa: «Podia ter sido Portugal…» É isto que vai salvando os Portugueses: têm vergonha, culpa, nojo, medo de serem portugueses mas «também não vão ao ponto de quererem ser outra coisa».
Revela-se aqui o que nós temos de mais insuportável e de comovente: só nos custa sermos portugueses por não sermos os melhores do mundo. E, se formos pensar, verificamos que o verdadeiro patriotismo não é aquele de quem diz “Portugal é o melhor país do mundo” (esse é simplesmente parvo ou parvamente simples), mas, sim, de quem acredita, inocentemente, que Portugal «podia ser» (ou ter sido) o melhor país do mundo e (eis a parte fundamental, que separa os insectos dos cicofantas) «tem pena que não seja», uma pena daquelas que ardem para toda a vida nos peitos profundos das pessoas boas.
Ser português não é nem a sorte com que sonhamos (não queriam mais nada — nascer logo uma coisa boa!) nem o azar com que vamos azedando. Ser português é um «jeito que se aprende».
Não é coisa que vá à bruta ou à má fila. Não é bem que vá a bem (precisa de ser ajudado), mas também não é mal que vá à bruxa. Ser português não é tanto ser feito à imagem de Deus, como os outros povos (todos eles felizes), como estar, à partida, «feito».
Cada vez que nasce um ser humano e olha para o bilhete de identidade e verifica que calharam os pedregulhos e os pêsames da portugalidade, diz logo “Pronto — estou feito — sou português”. Devia ter juízo. A única coisa que o absolve é ter, também, razão.
Ser português é «difícil». O resto do mundo não compreende que os Portugueses são especiais, diferentes, bastante giros, bem-educados, antigos, espertos, casos sérios. O resto do mundo acredita sinceramente que o mundo seria exactamente o mesmo sem os Portugueses.
Para a grande maioria da população da Terra, a própria «existência» de Portugal é uma surpresa. E não se julgue automaticamente que se trata de uma grande surpresa ou, sequer, de uma surpresa «boa». É mais uma surpresa do género “Ah, sim?”. Como quem aprende que o «baseball» teve origem nos «rounders ingleses». Ah, sim? Que giro! Agora sai da frente do televisor que eu quero ver se este Babe Ruth era tão bom como diziam.
Para o resto do mundo, os feitos dos Portugueses não pertencem à história fundamental do Universo. Pertencem, quando muito, à secção dos passatempos, do “Não me digas!” e do “Acredite se quiser”. Ser português é um ser delicado. Ser português não é «ser humano». É ser que tem muito para fazer só para ser «vivo».
Os políticos dizem que é preciso andar para a frente, modernizar, desenvolver, «mudar» Portugal, presumivelmente para melhor, porque este (nisto estão todos de acordo) não presta. Os poetas sonham com países que nunca existiram ou existirão, ou que já existiram e jamais existirão outra vez. Ninguém está contente com o que é, ou com onde está, ou com o que tem.

Os Portugueses, o povo, a nação, os ditos, os implicados, envolvidos e lixados, esses nem ideia têm ou fazem — para eles a própria noção de Portugal foi um raio de ideia para começar. Mas o que é preciso não é nem tão drástico nem tão espectacular. O que é preciso é «continuar» Portugal.
Continuar Portugal não é uma acção delicada, ou uma campanha urgente, ou uma tarefa que exija o sacrifício de todos os cidadãos.
É simplesmente continuar a perguntar, a barafustar, a amaldiçoar o dia em que se nasceu desta cor, nesta pele, com este coração mole e fácil de apertar e espremer. 
Continuar Portugal é acreditar que a vida seria pior sem ele, pior se a Europa começasse pela Espanha, pior se fôssemos suíços ou belgas ou finlandeses.
Continuar Portugal é ser português e dizer “Pronto, que se lixe, o que é que eu hei-de fazer?”. E acreditar na diferença que faz a nossa maneira de ser, e de sermos portugueses, como um cardiologista acredita que o coração foi feito para continuar a bater.
E foi. E, o que é mais engraçado, continua!

Miguel Esteves Cardoso, in ‘Os Meus Problemas’



Créditos

13 comentários:

João Matias, 11ºA disse...

Parte 1:

Logo quando comecei a ler o excerto "Amo-te Portugal", de Miguel Esteves Cardoso, percebi que, não como nos habituamos ultimamente a ler em Eça de Queirós, é-nos dada uma "boa" imagem de Portugal, um pouco como faz Eça no final de "A Ilustre Casa de Ramires" mostrando os aspetos positivos e negativos do país por meio de uma descrição de Gonçalo Mendes Ramires, com alguma esperança na evolução do país. No entanto neste excerto Miguel E. Cardoso dirige-se a Portugal com uma "carta de amor" na qual professa o seu amor incondicional, "Amo-te, aconteça o que acontecer. Amo-te por causa de ti. Não é apesar de ti. É por causa de ti. Não há outra razão. Nem podia haver uma razão mais simples.", como se estivesse a enviar uma carta ao amor da sua vida, e, de certa forma, é isso que dá a entender, "Apaixonei-me de um dia para o outro, sem qualquer espécie de aviso, e desde esse dia, que remédio, lá fui acumulando, lentamente, as razões por que te amo, retirando-as uma a uma dentre todas as outras razões, para não te amar, ou não querer saber de ti." passa então por fazer uma caraterização íntima do que tornam Portugal o objeto do seu amor, mas não se consegue justificar completamentamente com nenhuma, nem ele próprio sabe bem de onde vem este amor às cegas, "Amo-te sem razão. Amo-te às cegas, antes sequer de olhar para ti. Podes ser o pior país do mundo, ou o melhor, ou o mais monotonamente assim-assim. Não me interessa. Amo-te. Amo-te à mesma. Amo-te antes de falarmos nisso.". Fica neste impasse durante algum tempo, caraterizando diversos aspetos de Portugal, o seu clima, a sua vaidade, a língua, etc. Até que depois de se perder no meio de tanta descrição, sem saber mais o que dizer, acaba por confessar: "(...)não preciso de razões para te amar. Mas tenho muitas.(...)embaraça-me confessá-la:(...) acho que és o melhor país do mundo. Pronto. Está dito." Ama Portugal, não por ser o país mais moderno do mundo, nem por outras coisas especiais que há aí pelo globo fora, ama Portugal pelo seu encanto, pelo que o torno português, por ser o "melhor país do mundo", mas sobretudo porque é seu.

João Matias, 11ºA disse...

Parte 2:

No segundo excerto, "Ser Português é difícil" a ideia de um "bom" Portugal continua, no entanto, em vez de se focar em Portugal como no excerto anterior Miguel E. Cardoso dá ao leitor uma explicação do que é ser português. Para o autor ser português custa aos portugueses, não por serem portugueses, mas porque não pertencem ao melhor país do mundo e esse país, para eles não é Portugal, "(...)só nos custa sermos portugueses por não sermos os melhores do mundo.". Entra também um pouco em contadição com o que escreve no excerto anterior (em que louvava incansávelmente Portugal acabando por dizer que é o melhor país do mundo) quando diz: "E, se formos pensar, verificamos que o verdadeiro patriotismo não é aquele de quem diz “Portugal é o melhor país do mundo” (esse é simplesmente parvo ou parvamente simples)". Fala também da indiferença dos outros povos perante a nossa existência (dos quais me lembro logo dos americanos, apesar de ultimamente termos ganho algum holofote), "Para a grande maioria da população da Terra, a própria «existência» de Portugal é uma surpresa. (...) Para o resto do mundo, os feitos dos Portugueses não pertencem à história fundamental do Universo. Pertencem, quando muito, à secção dos passatempos, do “Não me digas!” e do “Acredite se quiser”. ". Mas apesar de tudo isto para o autor e para os portugueses no meio de tanta desgraça e indiferença,nos seus corações, é preciso perpetuar Portugal, esta desgraça de país, mas que é só nossso. Perpetuar Portugal não é complicado, "É simplesmente continuar a perguntar, a barafustar, a amaldiçoar o dia em que se nasceu desta cor, nesta pele, com este coração mole e fácil de apertar e espremer." e que ser português é também continuar Portugal "e dizer “Pronto, que se lixe, o que é que eu hei-de fazer?”. E acreditar na diferença que faz a nossa maneira de ser, e de sermos portugueses, como um cardiologista acredita que o coração foi feito para continuar a bater." No meio de tudo isto o que mais intriga, e a mensagem que o autor nos transmite com o remate final do excerto é que mesmo assim Portugal "(...), continua!".

Noémia Santos disse...

Olá, João

Espero que a saúde e disposição estão em forma.

Tenho a certeza de que tu, com o teu apurado sentido crítico, serias seguramente capaz de arranjar outras tantas razões - para detestar e para amar Portugal.

Pensa nisso. Mas, entretanto, manda-te ao Eça - "A Cidade e as Serras"! A mudança de Jacinto pode parecer um pouco exagerada, mas coloca questões bem atuais!

Entretanto, publicarei.

Fica bem!

Laura 11ºB disse...

O meu pequeno contributo.
Nas crónicas Amo-te Portugal e Ser Português é Difícil, de Miguel Esteves Cardoso percebemos que o autor nos dois textos tem ideias contraditórias e ao mesmo tempo defende a mesma opinião. No primeiro excerto este explica o amor que tem por Portugal que não e tenta esclarecer as diversas razões pela qual o ama. Enquanto que no segundo excerto, o autor aprofunda sobre Portugal poder ter sido o melhor país do mundo e a falta de patriotismo. Mesmo que pareça que tenha ideias contraditórias nas duas crónicas, este defende sempre Portugal.
Exemplo da primeira crónica: “Cada pessoa apaixonada por ti está apaixonada por um Portugal diferente do meu. Até o meu Portugal é, conforme os climas, bastante diferente do meu - para não dizer estrangeiro.” Este é um exemplo claro de uma das razões pelo qual ama Portugal, que neste caso é o clima.
Exemplo da segunda crónica: “O resto do mundo não compreende que os Portugueses são especiais, diferentes, bastante giros, bem-educados, antigos, espertos, casos sérios.” Já neste exemplo o autor explicita que os portugueses não têm o seu devido valor que deveriam ter devido aos seus feitos do passado.
Para concluir, penso que o autor não só adora Portugal como sua casa como adora os portugueses que nele habitam, os quais fazem com que Portugal seja especial a seu ver.

Anónimo disse...

Ideias chaves da crónica: “Amo-te, Portugal”

Miguel Cardoso começa por referir que quando estava em Portugal sentia a necessidade de ir embora e percorrer o mundo. Aos 19 anos acabou por ir para Inglaterra e sentiu uma enorme saudade de Portugal. O autor descobre que se apaixonou por Portugal e tenta demonstrar esse sentimento através de uma carta de amor. “Estou há que séculos para te escrever. A primeira vez que dei por ti foi quando dei pela tua falta. Tinha 19 anos e estava na Inglaterra. De repente, deixei de me sentir um homem do mundo e percebi, com tristeza, que era apenas mais um dos teus desesperados pretendentes. Apaixonaste-me sem que eu desse por isso. Deve ter sido durante os meus primeiros 18 anos de vida, quando estava em Portugal e só queria sair de ti. Insinuaste-te. Não fui eu que te escolhi. Quando descobri que te amava, já era tarde de mais.”. De seguida o autor refere que lhe custa justificar o seu amor por Portugal, mas admite que já está apaixonado e sem maneiras de se livrar do amor que sente por Portugal. Sente então a necessidade de começar a arranjar razões para este amor, como por exemplo, amar por Portugal por ser Portugal e não outro país, por estar cheio de Portugueses, pelo seu clima e porque o acha o melhor país do mundo. Depois de tentar arranjar tantas razões para amar Portugal o autor chega à conclusão que ama Portugal mesmo sem razões ou que o ama por razões interesseiras, ou seja, porque acha Portugal o melhor país do mundo. O autor refere ainda que Portugal é um pais vaidoso, mas não orgulhoso: “Essa íntima vaidade, por exemplo. Tu não és orgulhoso. Mas, muito bem disfarçada, tens uma vaidade sem fim.” e que gosta de estar em segunda categoria, mas não na última para poder reclamar daquilo que podia ter melhor, mas para poder se gabar também daquilo que tem melhor que os outros países: “Por exemplo, dizes que queres ser um país de primeira categoria. Mas sabemos todos que não queres. Gostas de ser de segunda, como gostas de não ser de terceira. Gostas de ter países melhores do que tu, para visitar ou invocar, quando fazes aquela fita de lamentar que não seja possível teres tudo o que tens de bom, menos tudo o que tens de mau, trocado pelo melhor que houver nos outros países.”.Neste excerto apesar de o autor se referir só a si no que toca ao amor por Portugal, acaba também por representar o que inúmeros portugueses sentem, retratando algumas características do povo português.
Carolina Oliveira, 11ºA

Anónimo disse...

Ideias chave da crónica: “Ser Português é difícil”

Neste excerto Miguel Cardoso foca-se nos portugueses e não em Portugal, tenta explicar o que é ser português. O autor começa por referir que os portugueses têm vergonha de serem portugueses pois não querem ser associados à pobreza, à miséria e à fome: “Não queremos ser primos desta pobreza, madrinhas desta miséria, filhos desta fome, amigos desta amargura.”. Miguel deixa claro que a razão pela qual nos custa ser português é o facto de Portugal não ser o melhor país do mundo. Os portugueses querem pertencer ao melhor país do mundo, mas sempre sem deixar de ser portugueses: “É isto que vai salvando os Portugueses: têm vergonha, culpa, nojo, medo de serem portugueses mas «também não vão ao ponto de quererem ser outra coisa»”. O verdadeiro patriotismo é daqueles que acreditam que Portugal podia ter sido o melhor país do mundo e não daqueles que acham que Portugal é o melhor país do mundo. O autor salienta que ser português é uma coisa que se aprende e é difícil, mas, no entanto, ser português também é especial, diferente, giro, bem-educado, antigo, esperto: “Ser português é «difícil». O resto do mundo não compreende que os Portugueses são especiais, diferentes, bastante giros, bem-educados, antigos, espertos, casos sérios. O resto do mundo acredita sinceramente que o mundo seria exactamente o mesmo sem os Portugueses.”. Durante o excerto é realçado como para muitos Portugal é um país inexistente sem alguma importância e reconhecimento, é o verdadeiro significado de muitos pensarem que Portugal pertence a Espanha, a existência de Portugal para alguns é uma “surpresa” como refere o autor: “Para a grande maioria da população da Terra, a própria «existência» de Portugal é uma surpresa. E não se julgue automaticamente que se trata de uma grande surpresa ou, sequer, de uma surpresa «boa». É mais uma surpresa do género “Ah, sim?”. Como quem aprende que o «baseball» teve origem nos «rounders ingleses». Ah, sim? Que giro! Agora sai da frente do televisor que eu quero ver se este Babe Ruth era tão bom como diziam.”. O autor no final do excerto refere que, apesar de tudo, o importante será continuar a levar Portugal para a frente por de lado a vergonha ou o nojo de não sermos os melhores do mundo e acreditar que podemos fazer a diferença, porque ser português é ser diferente.
Carolina Oliveira , 11ºA

Anónimo disse...

Reflexão sobre: Amo-te, Portugal.

Miguel Esteves Cardoso após 18 anos querendo ir embora, quando finalmente vai para a Inglaterra longe de casa percebe a falta que Portugal lhe faz, na forma de expressar seus sentimentos escreve uma carta a Portugal.
Durante sua crónica percebemos o carinho de Cardoso em relação a Portugal, talvez patriotismo ou talvez sentimentos causados pela saudade.
O que antes para Cardoso foi motivo de ir embora agora também são as razões de seu amor. Só damos valor a algo quando a perdemos, nesse caso sentimos falta.
Através de diferentes formas procura descrever seu amor por Portugal, apesar de dizer que não tem nenhuma razão para a amar porque isto sim é um amor verdadeiro. Cardoso explica que Portugal é em seu todo diferente: «Mesmo que não houvesse em ti um único pormenor que não houvesse nos restantes países do mundo (…) mesmo assim eu amar-te-ia como se fosses o único país do mundo». Que o que a torna especial, a torna tão peculiar que mesmo que existisse em outro país com as mesmas características, Portugal ainda seria Portugal.
Assim como Miguel percebo a falta que a nossa terra natal faz: «Cada pessoa apaixonada por ti está apaixonada por um Portugal diferente do meu. Até o meu Portugal é, conforme os climas, bastante diferente do meu». Nota-se que sua experiência como estrangeiro, em Inglaterra, mudou sua visão sobre Portugal o fez amá-la, talvez se nunca tivesse ido embora nunca teria notado a grandeza de seu próprio país, Portugal.

Carlos Ribeiro 11ºC

Anónimo disse...

A primeira cronica "Amo-te, Portugal", começa com um que parece uma de carta de amor a uma pessoa. claro que nao tarda percebemos que dirigi-se a Portugal, fala sobre o seu amor incondicional por Portugal, depois te ter saído do seu pais natal começou a sentir a falta do mesmo, e mesmo sem conseguir encontrar razoes para o seu amor, explica isto com a seguinte frase «Cada pessoa apaixonada por ti está apaixonada por um Portugal diferente do meu. Até o meu Portugal é, conforme os climas, bastante diferente do meu».
Na segunda cronica temos um ponto de vista completamente diferente, quando diz "E, se formos pensar, verificamos que o verdadeiro patriotismo não é aquele de quem diz “Portugal é o melhor país do mundo” contradizendo a primeira cronica, explica-nos também o que e ser português e enumera vários defeitos como vivermos dos com amarguras do passado "Dizem só, pesarosos como os kilogramas nos tempos em que tinham : «Podia ter sido Portugal…», e “Pronto, que se lixe, o que é que eu hei-de fazer?” que nos lembra de goncalo e ega na obra "A ilustre casa de ramires"

Anónimo disse...

em cima e do benjamim do 11C professora

Noémia Santos disse...

Obrigado à Laura, ao Carlos e à Carolina. Entretanto apreciarei e, se conseguir, publico.
São contributos com interesse para vigirarem na pg principal.

Noémia Santos disse...

Atenção, no 1° comentário, ao trabalho do João, leia-se "Espero que a saúde...estejam em forma" obviamente!

Anónimo disse...

Boa tarde professora, ontem ao final da tarde enviei via email o trabalho feito por mim e pelo Gonçalo Frutuoso sobre as Crónicas, gostaria de saber se o recebeu.
Obrigado e beijinhos dos dois, Martim Miranda 11ºC

Noémia Santos disse...

Obrigada a todos, Já vi e registei tudo.
Publiquei alguns, logo com as correções.

Assim que consiga, farei aqui correções aos outros, se necessário.

Fiquem bem!Cuidem-se!
Muita paciência.................