Gazeta da cidade
de lisboa
Jorge de
Albuquerque e a sua tripulação – do pânico à esperança
No dia 9 de novembro deste ano da graça de 1565 a nau Santo António, comandada por Jorge de Albuquerque Coelho, regressa a Lisboa depois de um ano fora e quisemos ser os primeiros a saber como tinha sida a longa viagem.
No dia 9 de novembro deste ano da graça de 1565 a nau Santo António, comandada por Jorge de Albuquerque Coelho, regressa a Lisboa depois de um ano fora e quisemos ser os primeiros a saber como tinha sida a longa viagem.
-Boa tarde capitão Albuquerque Coelho. Sabemos que vem cansado da viagem, mas gostaríamos de registar o seu testemunho, ainda que breve. Houve algum momento durante a viagem que sentiu que seria o fim?
-Sim, claro. Ao longo do nosso percurso existiram vários momentos de desespero, mas aquele em que tudo podia terminar foi a 21 de junho, ao virar a costa de S. Tomé e Príncipe na viagem de regresso, rumo a Lisboa. Escureceu num abrir e fechar de olhos e, sem tempo de nos precavermos, as ondas negras e turbulentas fizeram-nos colidir com uma rocha, destruindo o gurupé. O pânico instalou-se. Perdemos repentinamente o controlo do barco, ficando à mercê da tempestade e das correntes, a proa encheu-se de água e para evitar o naufrágio, os meus tripulantes atiraram borda fora os seus bens pessoais assim como as mercadorias trazidas das nossas paragens.
-Como é que os tripulantes reagiram a esse desespero?
-Quando as ondas começaram a varrer os meus homens para fora do barco os que conseguiram agarrar-se, impotentes, gritavam e choravam desesperadamente pelos outros. Bem acredito que a alguns lhes tivesse passado pela cabeça acabar com a própria vida.
-Como é que controlou e encorajou os seus tripulantes a superar esse momento e chegar ao destino?
-Já passei por muitas tempestades e problemas a bordo, mas nenhuma como esta. Nunca tivera antes a sensação de perder o controlo, mas temos de vencer o nosso espírito egoísta. Assim, pensei nos meus homens e nas suas famílias que os aguardavam e comecei a orientá-los.
Começámos por nos alinhar no centro da nau para restabelecer o equilíbrio, outros retiravam a água da nau e os restantes taparam o buraco causado pela colisão com pranchas de madeiras e sacas de batata. Pedi que se unissem e rezassem para que Deus nos ajudasse naquele momento de aflição. A partir dali ouvi promessas que só um homem em desespero faz, promessas de bens e de sacrifícios.
-Se pudesse voltar atrás mudava alguma coisa na sua atitude como capitão?
-Não mudava nada na minha atitude e espero que tal situação não se repita, mas se acontecer teremos de agir mais rapidamente para melhor controlo dos tripulantes.
-E por último, quais as qualidades mais relevantes num bom capitão?
-São, sem dúvida nenhuma, ter esperança, manter sempre a calma, ter autocontrole, coragem, ser altruísta e ter discernimento.
-Muito obrigada pelo seu tempo.
Porto de Lisboa no séc. XVI
Beatriz Guerra 10ºB
Carolina Moço 10ºB
Miguel Andrade 10ªB
Sofia Ferreira 10ªB
Carolina Moço 10ºB
Miguel Andrade 10ªB
Sofia Ferreira 10ªB
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