terça-feira, 7 de junho de 2016

histórias trágico-marítimas VII



1 de Junho de 1565, Angola

Minha Querida Catarina,

Os dias têm sido cada vez mais difíceis, temo-nos deparado com diversas dificuldades e infelizmente o medo está sempre presente.

Estávamos a sair do Brasil, a caminho de Angola, quando avistámos um navio Espanhol e este inesperadamente atacou-nos, foi horrível, houve momentos em que cheguei a pensar que a minha vida iria acabar naquele instante, mas fui umas das pessoas com sorte, pode-se dizer.

Em consequência do ataque a maior parte dos alimentos estragaram-se, tal como o mastro principal que segurava a vela grande e a gávea grande. Sinto-me desalentado, não só por tudo o que anda a acontecer, mas também pelo facto de aproximadamente 100 dos meus mais de 300 homens terem morrido devido ao ataque que sofremos.

O tempo aqui voa mas mesmo assim nunca mais chega o momento que mais anseio, o momento de te ver minha Catarina, morro de saudades tuas, só precisava da tua força agora mais do que nunca e de ouvir a doçura da tua voz a dizer que vai correr tudo bem, apenas basta acreditar e fazer por isso.

Espero que esteja tudo bem por aí e só te peço que nunca te esqueças do amor enorme que sinto por ti.

     Com amor,
     Jorge de Albuquerque Coelho

1 comentário:

Noémia Santos disse...


Autoras - Beatriz Alvelos e Micaela Batista