quinta-feira, 2 de junho de 2016

histórias trágico-marítimas - II


Meu Rei e Senhor,

Escrevo-vos a última carta pois a valentia de nada serve neste desterro, neste mundo onde amigos se viram contra os seus amigos.Tenho esperança que alguém encontre esta carta e a leve até vós.
Há uma semana que o último rato do convés foi comido, não existem já vívere algum, a encardida água escorreu pelas gargantas sequiosas dos homens que já perderam a esperança.
Hoje, uma hora antes do nascer do sol, morreu o primeiro homem, pensei que lhe tinha dado o merecido enterro. Qual não foi o meu espanto quando em vez de nos despedirmos do nosso camarada e amigo, dissemos adeus, pela ignorância, a um desesperado homem, o qual tomado pelo desejo de se livrar deste tormento pediu, em nome de Deus, ao seu camarada, que tomasse o seu corpo como o do cadáver.
Aqueles homens, que perderam a esperança e a fé em Deus, tomaram o cadáver e, dividindo-o entre eles participaram num macabro banquete, como prato principal, seu companheiro.
Interrompi este sinistro banquete e chamei os homens, dos quais sou capitão, para que se livrassem do desespero e confiassem nos desígnios de Deus, acrescentando no fim que se eu sucumbisse, podiam tomar-me como prato principal. Surgiu no meio da tripulação uma voz que bradou:
— Arrombem a nau para acabarmos de vez e partirmos para o Reino do Pai.
Com recurso a vários argumentos dissuadi a tripulação desta absurda e terrível ideia. Aos poucos, os homens foram regressando à razão.
Levantou-se então um terrífico nevoeiro. A tripulação pensa que encontrou o seu fim. Brada aos céus e pede ajuda ao Rei Menino para que os guie de volta à pátria. O ambiente é de desespero...
Penso que vejo terra...

O Capitão,
Jorge Albuquerque Coelho

Diogo Peliz, nº9
Diogo Cristo, nº10
João Antunes, nº14
Maria Nazaré, nº19
10ºA

1 comentário:

Anónimo disse...

Foi comido , não existe há vívere algum.
Ao seu camarada, que trocasse o seu corpo
Como prato principal, o seu companheiro
E chamei á razão os homens