quinta-feira, 2 de junho de 2016

histórias trágico-marítimas - III

Minha senhora mãe, já lá vão oito meses de viagem, mas finalmente atingimos o nosso destino.
Peço imensa desculpa por não lhe ter escrito mais cedo, mas tivemos vários atrasos e incidentes durante a viagem.
Num deles fomos atacados por uma tempestade. Primeiro, avistámos o céu escurecer, o mar ficou irado e os relâmpagos bradavam. Com todo o esforço controlámos a embarcação, foi a primeira vez que enfrentámos a ira do mar. Depois quando a fome apertava fomos revistar o convés do navio à procura de comida, deparamo-nos com ela toda alagada e por isso inutilizável.
Passámos duas semanas praticamente sem comer e quase a pensar em canibalismo, mas felizmente tivemos um capitão firme, João de Albuquerque, que nos impediu. Ao fim de quarenta e oito dias encontrámos terra finalmente.
Outro dos acidentes bastante peculiar com que nos deparámos logo quase a chegar à Índia, atingiu-nos durante a noite, estava grande parte da tripulação a dormir e estava eu a leme, quando de repente elevou-se um estranho cheiro a enxofre, não liguei, pensei que tivesse sido um dos pobres coitados que estavam a dormir, quando de súbito o mar começa a borbulhar e emergem grandes rochas do fundo do mar, com colunas de fumo à mistura. Sabe-se lá o que Neptuno estaria a tramar. Felizmente, a nossa embarcação encontrava-se a uma boa distância, de maneira que foi maior o espanto que o estrago. Logo de seguida chegámos ao nosso objetivo, e aqui estou são e salvo.
Espero que esteja tudo bem aí em casa, e se tudo correr de feição chego no próximo ano a casa.
Com muitas saudades,
Rodrigo da Silva

Rafael Silva
Beatriz Lucas
10°B
Imagem:Antigos havaianos observam uma erupção vulcânica,  quadro no museu do parque dos vulcões, em Volcano, na Big Island, no Havai. Disponível em http://www.1000dias.com/rodrigo/a-batalha-milenar/

7 comentários:

Anónimo disse...

Diário de Bordo
12 de dezembro 1565
Hoje dia 12, fomos sujeitos a algo nunca antes vivido, uma enorme e trágica tempestade.
Estou preocupado com os meus homens, a situação está bastante complicada, já nem sei que mais lhes dizer, as minhas palavras de sabedoria e esperança já não são suficientes para os acalmar. Tento manter a fé e a união na tripulação mas nem sempre é fácil, ver tudo o que havemos conquistado, lançado ao mar, perdido e o constante choro sentido a bordo da embarcação tornam a situação cada vez mais desconfortante.
Temos sido obrigados a lançar os nossos pertences, as mercadorias, tudo ao mar, numa tentativa de tornar a embarcação mais leve para nos ser mais fácil manobrá-la e desviá-la das enormes ondas deste mar tão bravo, tentativa essa que até agora tem sido um fracasso.
São agora 10 horas, a noite escurecera por completo e o mar começara a ficar de novo agitado. Estrondeando desmancha o leme, leva o mastro do traquete juntamente com a sua verga, a cevadeira, o castelo da proa, as âncoras, estilhaça a ponte, o batel, o beque, arrebatando pessoas, mantimentos, pipas, tudo entregue às ondas do mar.
Estou neste momento a olhar para os meus tripulantes, já todos de joelhos virados para o céu pedindo misericórdia a Deus, lutando pela sua sobrevivência, um relâmpago dirige-se até à embarcação. Não sei como tal tragédia acabará mas uma coisa é certa, não deixarei nunca nenhum dos meus homens para trás, lutarei sempre por eles até ao fim, pois é esse o meu dever como capitão e responsável por esta embarcação.

Jorge de Albuquerque
Mariana Canhoto 10ºA
Márcia Assunção 10ºA

Noémia Santos disse...

Mariana e Márcia, obrigada pelo vosso interessantíssimo contributo. Logo que possa, corrijo e na pg principal. Márcia, aguardo os filmes e fotos.

Anónimo disse...

1 de abril
Tão grande pátria e tão insignificante ao mesmo tempo, que se dissolve no horizonte, como o sal se dissolve no mar.
Partimos agora em busca de novas terras, novos cheiros e novas cargas para entregar ao rei. Aqui a motivação e o medo da tripulação personificam-se na nau. Pois apesar das dolorosas partidas a ansiedade pelo desconhecido domina.

25 de abril
Partimos agora da cidade de Funchal, com mantimentos suficientes para chegarmos até Cabo Verde. E apesar de serem poucos os dias de viagem as incertezas tomam forma, só os jogos, danças e cânticos nos distraem e nos permitem continuar navegando.

3 de junho
Trabalhávamos arduamente em diversas tarefas, quando de súbito ; altos brados se ouvem aclamando terra, o momento de ânsia crescia, enquanto a tripulação desesperada por enviar correspondência ofegava em altos berros; as velas começaram a descer e ancora preparada para fixar no mar.
Num momento aquele que avista terra, tenta corrigir o seu erro. "Corsário, corsários, corsários". Um bloqueio surge com o nevoeiro dando lugar logo depois ao pânico. Alguns homens escondem-se, outros preparam os canhões, e empunhando espadas juram defender a nau a todo o custo.

3 junho ( segundo capitão que acompanhava a viagem numa outra nau)
Atrás íamos da grande e brava tripulação da nau «Monteiro», cheia de ledas e aventurosas almas que ao primeiro assalto confundirão o nevoeiro com os infames corsários espanhóis.
Da nossa modesta nau que escapou, vimos os nossos camaradas aflitos com a morte à popa.
A primeira feroz bola de chumbo perfurou a proa atingindo madeira que se desfez parecendo ter-se evaporado, os mantimentos que escasseavam agora flutuavam nas águas azuis.
Fogo!Fogo!Dizem desesperados os marinheiros lusos.
Todos os canhões disparam balas de chumbo, que atravessam o nevoeiro na esperança de atingir o inimigo.
Mas foi em vão, os corsários souberam assim a sua posição , e a retaliação, foi pior, inúmeras balas atravessavam a nau portuguesa não parando em suplicas ou rezas, o mastro principal cai, tal como a esperança dos bravos Lusitanos. A água invade o convés alguns na esperança de atenuar o sofrimento, cortam as próprias gargantas, o sangue tinge a água diminuindo a sua transparência.

David Carvalho 10ºA
Henrique Santos 10ºA
Carolina Oliveira 10ºA

Noémia Santos disse...

David, Henrique e Carolina, muito obrigada pelo vosso texto tão cheio de vivacidade. NS

Noémia Santos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Amada família,
Nesta viagem infernal onde água e comida escasseiam, tenho comigo bravos homens que têm vindo a suportar todo este sofrimento que só Deus reconhece.
Ontem, dia 13 de Setembro, fomos obrigados a desembarcar numa ilha desconhecida na esperança de obter água e alimento. Quando pisamos a areia molhada, já o céu escurecera e o frio cortante penetrava nos nossos corpos como um punhal. Afundámo-nos na densa vegetação que cobria toda a ilha. Ao fundo uma pequena aldeia se mostrava por entre os ramos construída com o que a ilha lhes oferecia. Dei graças a Deus!, finalmente foi nos reestabelecida esperança. Corremos em busca de mantimentos e de imediato satisfizemos a cede. Enquanto pinhavamos o que podíamos ouvimos um alto brado num dialeto desconhecido aos nossos ouvidos. De repente,sobre nós, abateu-se uma chuva de lanças afiadas e de seguida surgiram dos arbustos homens e mulheres pintados na cara e no corpo cobertos de estranhos adornos. Toda a nossa esperança fora perdida. Reuni os meus homens, ainda vivos e fugimos em direção à nau, pisando a areia agora encharcada pelo sangue derramado por aqueles que por cruéis laminas foram atravessados.
Continuo a viagem, até ao destino, lembrando aqueles que perderam a vida naquela tenebrosa ilha.
Chegarei em breve e em breve estarei ao pé de quem realmente gosto.
Saudades,
Menezes Barbosa


Afonso Morgado 10ºA
André César 10ºA
João Lopes 10ºA


Anónimo disse...

Jorge de Albuquerque e a sua tripulação

No dia 9 de novembro a nau de Jorge de Albuquerque regressa a lisboa depois de um ano fora e quisemos ser os primeiros a saber como tinha sida a longa viagem.
-Boa tarde capitão. Sabemos que vem cansado da viagem, mas gostaríamos de fazer umas perguntas rápidas. Houve algum momento durante a viagem que sentiu que seria o fim?
-Sim, claro. Ao longo do nosso percurso existiram vários momentos de desespero, mas aquele em que tudo podia terminar foi a 21 de junho ao virar a costa de S.Tomé e Príncipe na viagem de regresso, rumo a Lisboa. Escureceu num abrir e fechar de olhos e, sem tempo de nos precavermos, as ondas pretas e turbulentas fizeram-nos colidir com uma rocha, destruindo o gurupé. O pânico instalou-se. Perdemos repentinamente o controlo do barco, ficando à mercê da tempestade e das correntes, a proa encheu-se de água e para evitar o naufrágio os meus tripulantes atiraram borda fora os seus bens pessoais assim como as mercadorias trazidas de África
-Como é que os tripulantes reagiram a esse desespero?
-Quando as ondas começaram a varrer os meus homens para fora do barco os que conseguiram agarrar-se, impotentes, gritavam e choravam desesperadamente pelos outros. Bem acredito que alguns lhes tivesse passado pela cabeça suicidar-se.
-Como é que controlou e encorajou os seus tripulantes a superar esse momento e chegar ao destino?
-Já passei por muitas tempestades e problemas a bordo, mas nenhuma como esta. Nunca tivera antes a sensação de perder o controlo, mas temos de vencer o nosso espírito egoísta. Assim, pensei nos meus tripulantes e nas suas famílias que os aguardavam e comecei a orientá-los.
Começamos por nos alinhar no centro da nau para restabelecer o equilíbrio, outros retiravam a água da nau e os restantes taparam o buraco causado pela colisão com sacas de batata. Pedi que se unissem e rezassem para que Deus nos ajudasse naquele momento de aflição. A partir dali ouvi promessas que só um homem em desespero faz, promessas de bens e de sacrifícios.
-Se pudesse voltar atrás mudava alguma coisa na sua atitude como capitão?
-Não mudava nada na minha atitude e espero que tal situação não se repita, mas se acontecer teremos de agir mais rapidamente para melhor controlo dos tripulantes.
-E por último, quais as qualidades mais relevantes num bom capitão?
-São, sem dúvida nenhuma, ter esperança, manter sempre a calma, ter autocontrole, coragem, ser altruísta e ter descernimento.
-Muito obrigada pelo seu tempo.

Beatriz Guerra 10ºB
carolina Moço 10ºB
Miguel Andrade 10ªB
Sofia Ferreira 10ªB