12 de Setembro 1565
Queridos pais,
Espero que vós estejais bem de saúde.
O vento estava calmo, mas logo começou a soprar em fúria, vós nem
íeis acreditar, uma tempestade caminhava em nossa direção, de tal maneira
que o mar e o vento se juntavam numa só força da natureza de destruição
e desespero.
Querida mãe, peço-vos perdão pelo que fiz naquele momento, pois
para minha própria sobrevivência e a dos meus companheiros alijei tudo o que
tinha comigo, e à minha volta.
O mar continuava violento com ondas gigantes e os homens a gritar
- parecia tudo um pesadelo que se tornou realidade. Perante este furor de
tempestade o leme foi derrubado, dentro de mim, sentia que não íamos ser
capazes de passar por esta tormenta. Sentia-me sem esperança e sem coragem!
Naquela mesma hora ajoelhei, as lágrimas escorriam-me pelo rosto e queimavam-me,
e pedi a Deus uma salvação.
Foi aí que meu amigo e capitão, Jorge de Albuquerque Coelho,
meteu uma mão no meu ombro e sorriu para mim como se quisesse dizer que tudo ia
ficar bem. Depois virou-se para todos dizendo que nós não íamos acabar aqui e
que para isso tínhamos que ter coragem e não desistir, porque o nosso destino é
continuar navegando até chegar a casa. Todos gritaram perante aquelas palavras.
Ah, pai, os franceses estavam com tanto medo que pareciam nossos
escravos; quem me dera que estivésseis ali naquele momento, eu sei que iríeis
adorar.
Queridos pais, eu não ia desistir até chegar a casa; por isso,
naquela tormenta eu remei, empurrei, levei com ondas, engoli água, parecia o
fim do mundo, mas aguentei, porque sabia que depois de toda esta destruição eu ia estar
convosco outra vez.
Muitas felicidades do vosso querido filho
Tristão Pereira
Trabalho de:
Daniela Monteiro
Maria Pereira
Micaela Cesário
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