quarta-feira, 15 de abril de 2020

Diário de uma Quarentena

Diário
14 de abril de 2020

Ultimamente todos temos experienciado um novo modo de viver, se é que se pode chamar a isto viver… Subitamente deixamos de sair á rua, deixamos de trabalhar, de ir á escola, de estar com os nossos amigos ou até com a nossa família. Este período tem-se revelado um tempo de reflexão onde começamos a dar valor àquilo que de tão banal o quotidiano nos proporcionava. Aquilo que nos era dado como garantido desapareceu e só agora damos valor a essas pequenas coisas que nestes dias se revelaram tão importantes. Embora apenas tenha passado um mês desde o início do isolamento, parece que já se passaram muitos mais, dada a monotonia do nosso recente quotidiano.

Tenho passado os dias um pouco entediado e já a ficar cansado de ver filmes, series e documentários para ocupar o tempo. Os trabalhos que os professores pedem parecem intermináveis e sinto que o nosso rendimento esta muito baixo por mais que nos empenhemos nas coisas. Algo normalmente na escola demoraria duas horas a fazer agora ocupa-nos quase uma tarde inteira. Faço frequentemente vídeochamadas com os meus amigos para tentar enganar as saudades e a cada dia que passa, por mais que digam que está tudo bem e que não esta a ser assim tão mau o isolamento, estão mais cansados e desanimados.

Os únicos momentos que me fazem sentir livre desta prisão são os que passo no meu jardim a respirar ar puro, a refletir e a reparar no movimento quase nulo de uma estrada que outrora não tinha descanso. Ainda assim posso considerar-me um felizardo de ter um lugar onde posso correr, gritar e ficar simplesmente a fazer nada tão bonito quanto o meu jardim.

Mas mesmo assim, não podemos parar e temos de pensar que vai ficar tudo bem!

Pedro D., 11º B

Imagem: pintura de Renné Margritte


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