Ideias-chave:
Carlos
regressa, após quase 10 anos fora, para Lisboa –
“depois dum exílio de quasi dez anos, resolvera vir ao velho Portugal”.
Carlos
pensa que os políticos são interesseiros - “Os políticos hoje eram bonecos de
engonços, que faziam gestos e tomavam atitudes porque dois ou três financeiros
por traz lhes puxavam pelos cordéis...”.
Carlos
caracteriza os lisboetas como “Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles,
amarelada, acabrunhada!...”.
Portugal
era agora um produto da modernização do estrangeiro, mas
só copiava, não criava nada próprio – “Portugal decidira arranjar-se à
moderna: mas sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio
seu, um feitio próprio, manda vir modelos do estrangeiro”.
Carlos
passara por um passado psicologicamente
triste e violento – “durante noites, sofri a certeza de que tudo no mundo
acabara para mim... Pensei em me matar. Pensei em ir para a Trapa” (1).
Ega e Carlos consideram-se “Românticos:
isto é, indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento e não
pela razão...”.
Breve
síntese interpretativa:
Carlos
e Ega conversam sobre o que mudou e se manteve em Portugal durante os 10 anos
em que Carlos se encontrava no estrangeiro. Ega repara que os traços físicos de
Carlos se mantiveram intactos.
Enquanto
pensa em entrar na diplomacia, Carlos reflete sobre como a política está
meramente ocupada por interesseiros e hipócritas, em como nunca se veria a
ocupar uma dessas posições.
Os
dois amigos passeiam por Lisboa e revelam que na sua opinião Lisboa é agora
resultado dos avanços estrangeiros e das importações que realiza; criticam porque Lisboa só imita, manda vir modelos, não
tem caracter próprio
Quando
se regressam ao Ramalhete os dois falam sobre o passado de Carlos e da sua
família. Perdem a noção das horas enquanto conversam.
Concluem
por fim que a vida e os seus acontecimentos demoram o seu tempo e que não vale
a pena tentar apressá-los, mas sim deixar que aconteçam naturalmente e esperar
pelo melhor.
Comparação
de Carlos com Gonçalo
Ambos
as personagens possuem posses financeiras;
Ambos
têm um longo histórico familiar;
Realizam
uma viagem da qual regressam talvez com os
pensamentos “arrumados” e com um maior bem-estar interior;[...]
Partilham
amizades que mantiveram até ao final;[...]
Ambos
tiveram um passado problemático do qual mais tarde conseguiram recuperar - um indo
para África e abandonando o sonho da política; o outro, indo para França e
esquecendo Maria Eduarda e a sórdida história vivida.
Partilham
um pouco de hipocrisia por criticarem quase tudo o que conseguem, mas não
fazerem nada para o mudar – Gonçalo, a maior parte
do tempo; Carlos, até ao final da história."
Autoria: Raquel D, 11ºB
NOTA
(1) Carlos refere-se a que chegou a pensar ir para frade,
afastando-se do mundo. A Ordem Trapista era uma ordem religiosa católica cujo
nome advinha do Mosteiro de Nôtre-Dame de la Trappe. Os monges trapistas
procuravam afastar-se do mundo e viver fora das cidades, dedicados à atividade
agrícola.
Eça de
Queirós, "Os Maias" - Carlos e Gonçalo
1.
Ideias-chave:
Carlos e Ega
descrevem a sua opinião sobre o seu país enquanto passeiam por Lisboa.
• “Porque essa
simples forma de botas explicava todo o Portugal contemporâneo. Via-se por ali
como a coisa era. Tendo abandonado o seu feitio antigo, à D. João VI, que tão
bem lhe ficava, este desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas
sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio seu, um feitio
próprio, manda vir modelos do estrangeiro - modelos de ideias, de calças, de
costumes, de leis, de arte, de cozinha...”
• “Já não há nada
genuíno neste miserável país, nem mesmo o pão que comemos!”
• “- E aqui tens
tu a vida, meu Ega! Neste quarto, durante noites, sofri a certeza de que tudo
no mundo acabara para mim.... Pensei em me matar. Pensei em ir para a Trapa. E
tudo isto friamente, com uma conclusão lógica. Por fim dez anos passaram, e
aqui estou outra vez...”
2.
Breve síntese interpretativa:
Carlos regressa do seu exílio de 10 anos e decide
encontrar-se com o seu amigo Ega. Enquanto estão os dois juntos por Lisboa
relembram memórias, através da sua visita a diversos
locais, como o palacete dos Maias, onde Carlos tinha morado com o avô.
Enquanto passeiam por Lisboa vão dizendo o que está mal em Portugal,
como por exemplo a falta de originalidade, de força e de carácter dos
Portugueses.
3.
Comparação com Gonçalo.
· Tal como Gonçalo, Carlos faz críticas ao país.
·
Apesar da boa vida, ambos passam por alguns momentos de tristeza e indecisão.
·
Ambos têm amigos a quem recorrer.
L. Tomás, 11ºB
Imagem
Cartaz do filme de
João Botelho OS MAIAS - adaptação da obra homónima de Eça de Queirós.
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