terça-feira, 7 de abril de 2020

“Os Maias” de Eça de Queirós - apontamentos breves

Juntam-se aqui, num só «post», alguns contributos com interesse, mas insuficientemente  desenvolvidos. No conjunto, ajudam à compreensão.

Os Maias, Capítulo XVIII (excertos)
 1. Carlos é descrito como uma pessoa pouco ambiciosa –“ Carlos considerou Ega com espanto. Para quê? Para arrastar os passos tristes desde o Grémio até á Casa Havaneza? Não!”

Podemos também observar que Carlos não tem grande amor pelo seu país, concretamente por Lisboa –“ Isto é horrível quando se vem de fora! exclamou Carlos. Não é a cidade, é a gente. Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...”
No excerto anterior podemos também ver a forma como Portugal é descrito no livro.

2. No capítulo em questão, inicialmente percebemos a opinião de Carlos e de Ega acerca de Portugal e a sua política.
Com o desenrolar do capítulo, Carlos e Ega chegam à conclusão que não vale a pena esforçar-se muito na vida, pois é melhor sempre ficar na sua zona de conforto.

 Relação de Carlos com Gonçalo
3. Carlos e Gonçalo são bastante parecidos, pois ambos criticam muito Portugal. Ambos dizem e garantem que é aquilo que querem, mas no final acabam a fazer totalmente o oposto.
Afonso C. 11ºB


Carlos e Gonçalo
Neste capítulo, à semelhança do que aconteceu com Gonçalo Mendes Ramires, Carlos da Maia regressa de uma viagem. Passados 10 anos regressa a Lisboa e encontra-se com Ega, almoçam juntos e põem-se a par das novidades. No fim do capítulo Carlos demonstra-se ser uma pessoa que perdeu a ambição e crença no amor, na honra e, no fundo, na vida: “Com efeito, não vale a pena fazer um esforço, correr com ânsia para coisa alguma...” 
Contrariamente, Gonçalo é uma personagem que sempre seguiu os seus objetivos, mesmo que muitas vezes não agindo da forma correta, e que quando não se sentiu realizado com tudo o que pensava ser o seu objetivo de vida não teve medo e mudou radicalmente a sua vida em busca da sua felicidade, nunca se relaxando ou cedendo ao que era prático.
P. Duarte, 11C


    1. Registar ideias-chave, justificando com as frases que melhor caracterizam Carlos e o país;

· Ega e Carlos criticam a política do país: ‘’E como Carlos lembrava a Política, ocupação dos inúteis, Ega trovejou. A política! Isso tornara-se moralmente e fisicamente nojento, desde que o negócio atacara o constitucionalismo como uma filoxera! (...) Aí é que estava o horror. Não tinham feitio, não tinham maneiras, não se lavavam, não limpavam as unhas... Coisa extraordinária, que em país algum sucedia, nem na Roménia, nem na Bulgária! Os três ou quatro salões que em Lisboa recebem todo o mundo, seja quem for, largamente, excluem a maioria dos políticos. E porquê? Porque as senhoras têm nojo!’’.

· Fazem uma crítica à população/sociedade, dizendo que continuavam iguais a quando tinha ido embora 10 anos atrás: ‘‘Isto é horrível quando se vem de fora! exclamou Carlos. Não é a cidade, é a gente. Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...’’, ‘’E Carlos reconhecia, encostados às mesmas portas, sujeitos que lá deixara havia dez anos, já assim encostados, já assim melancólicos. Tinham rugas, tinham brancas. Mas lá estacionavam ainda, apagados e murchos, rente das mesmas ombreiras, com colarinhos à moda.’’.

· Carlos faz uma crítica a Portugal, denunciando como um país sem originalidade transparecem um pessimismo amargo resultante do ambiente que os rodeia: ‘‘Medonho! É dum reles, dum postiço! Sobretudo postiço! Já não há nada genuíno neste miserável país, nem mesmo o pão que comemos!

· Fracasso pessoal de cada um deles: ‘’Falhámos a vida, menino! - Creio que sim...Mas todo o mundo mais ou menos a falha. Isto é falha-se sempre na realidade aquela vida que se planeou com a imaginação. Diz-se: «vou ser assim, porque a beleza está em ser assim». E nunca se é assim, é-se invariavelmente assado, como dizia o pobre marquês. Às vezes melhor, mas sempre diferente.’’.

· Carlos monstra a sua admiração por França e a falta de desejo em voltar para Portugal:’’ Então Ega perguntou, (...) se, nesses últimos anos, ele não tivera a ideia, o vago desejo de voltar para Portugal... /Carlos considerou Ega com espanto. Para quê? Para arrastar os passos tristes desde o Grémio até à Casa Havaneza? Não! Paris era o único lugar da terra congênere com o tipo definitivo em que ele se fixara: - «o homem rico que vive bem»(...) Nada mais inofensivo, mais nulo, e mais agradável.’’ (auto-ironia).

· Carlos demonstra afeto pela casa ndo Ramalhete e diz que apesar de só lá ter vivido 2 anos sentia como se ali tivesse passado a sua vida: ‘’ É curioso! Só vivi dois anos nesta casa, e é nela que me parece estar metida a minha vida inteira! /Ega não se admirava. Só ali no Ramalhete ele vivera realmente daquilo que dá sabor e relevo à vida - a paixão.’’.

· Ambos concordam que todo o esforço na vida era inútil: ’’ Ega, em suma, concordava. Do que ele principalmente se convencera, nesses estreitos anos de vida, era da inutilidade do todo o esforço. Não valia a pena dar um passo para alcançar coisa alguma na terra - porque tudo se resolve, como já ensinara o sábio do Eclesiastes, em desilusão e poeira.’’.
 [...] 
Rita G.,11ºA


1 - Registar ideias-chave, justificando com as frases que melhor caracterizam Carlos e o país. 
Carlos era um fidalgo com amigos e contactos em diversos lugares - “Carlos veio fazer o Natal perto de Sevilha, a casa dum amigo seu de Paris, o marquês de Vila-Medina.” 

Tanto Carlos como os seus amigos tinham posses – “(…) os dois amigos enfim juntos almoçavam num salão do Hotel Braganza, com as duas janelas abertas para o rio.” 

Detestava a política e o país- “E como Carlos lembrava a Política, ocupação dos inúteis, Ega trovejou. A política! Isso tornara-se moralmente e fisicamente nojento”; “- Isto é horrível quando se vem de fora! exclamou Carlos. Não é a cidade, é a gente. Uma gente feiíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...” 

2 – Registar uma breve síntese interpretativa.
Neste excerto Eça de Queirós dá a entender a sua opinião acerca do país e da política, através da personagem de Carlos. Este é frontal e critica a política, dizendo que é nojenta e que o país está a piorar.
Ega e Carlos concluem dizendo que a vida é uma treta, porque tudo são desilusões e poeira. – “(…) como se aquele fosse em verdade o caminho da vida, onde eles, certos de só encontrar ao fim desilusão e poeira, não devessem jamais avançar senão com lentidão e desdém” 

3 – Comparar Carlos com Gonçalo
Tanto Carlos como Gonçalo criticavam o país. Porém, Gonçalo seguiu na política, mas abandonou-a, de seguida e Carlos tinha nojo dela. Ambos os fidalgos viveram momentos desgostosos.
 Carolina N. , 11B

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