quarta-feira, 8 de abril de 2020

Eça - personagens queirosianas - Ega e Carlos; Carlos e Gonçalo

·       Ideias chave do excerto do cap. XVIII de OS MAIAS:
·   Em 1886:
       Carlos passa o natal perto de Sevilha;
        Escreve para Lisboa ao Eça, e comunica-lhe que decidiu que irá            voltar para Portugal;
 Em 1887:
  • Ega e Carlos finalmente estão juntos;
  • Carlos volta de França e pensa em entrar na diplomacia, mas, no entanto, lembra-se da política como a ocupação dos inúteis;
  • Ega considerava a política moralmente e fisicamente nojento;
  • Carlos e Ega vão ao ramalhete visitar o casarão;
  • A vida em Lisboa é considerada como simples, pacata, corredia, mas no entanto, é infinitamente preferível;
  • Carlos observa que nada mudou na capital;
  • Carlos afirma que as pessoas da cidade mostram uma imagem horrível para quem vem de fora: “Uma gente feíssima, encardida, molenga, reles, amarelada, acabrunhada!...”;
  • Ega afirma que Lisboa, apesar de tudo, faz a diferença; está diferente,
  • Na avenida, Carlos recorda-se dos tempos antigos de Lisboa;
  • Portugal abandona o seu antigo feitio à João VI e passa a tentar arranjar-se à moderna, o que explica o uso das botas compridas;
  • Portugal não tem originalidade para criar o seu próprio feitio, tem de copiar o estrangeiro;
  • As únicas coisas que restavam de genuíno no país eram:
  • Os velhos outeiros da Graça e da Penha, os conventos e as              igrejas;
  • Carlos avista a fachada severa do Ramalhete com comoção;
  • No peristilo os dois amigos observam que os bancos feudais de carvalho ainda se conservam, no entanto, o espaço estava lúgubre;
  • O escritório de Afonso da Maia era a memória mais triste;
  • No quarto, Carlos, faz uma reflexão de como lá sofreu e se pensou em matar;
  • Carlos afirma que só viveu 2 anos naquela casa, mas é como se tivesse lá a sua vida inteira;
  • Os dois amigos chegam à conclusão que era inútil fazer um esforço ou correr com ânsia para alguma coisa: nem para o amor, nem para a glória, dinheiro ou poder;
  • Carlos e Ega acabam por faz um “esforço” para conseguirem apanhar o Americano.

  • Frase que melhor caracteriza Carlos:
  • Ega, já curado, radiante, numa excitação que não se calmava, alagando-se de café, entalava a cada instante o monóculo para admirar Carlos e a sua «imutabilidade».
  • Frase que melhor caracteriza Portugal:
  • “Porque essa simples forma de botas explicava todo o Portugal            contemporâneo.” (figurino imitador do estrangeiro, exagerado e sem criatividade)

·       Síntese interpretativa:
Este excerto começa por referir que Carlos, em 1886, foi fazer o natal perto de Sevilha a casa de um amigo seu de Paris. Daí, escreveu para Lisboa, ao seu amigo Ega que, passado 10 anos, tinha decidido u voltar para Portugal. 

Em 1887, Carlos já se encontra em Lisboa junto de Ega, a almoçar no salão do Hotel Braganza. No desenrolar de uma conversa Carlos admite que quando voltou de França pensou em entrar na diplomacia, mas que a política era lhe lembrada como a ocupação dos inúteis. Após esta afirmação, Ega, realça logo que a política era moralmente e fisicamente nojenta. 
De seguida, no caminho para o Ramalhete, onde os amigos iam visitar o casarão da família Maia, Carlos observa que nada mudou na capital e Ega remata a ideia afirmando que a vida em Lisboa é simples, pacata, corredia, mas no entanto, é infinitamente preferível. Apesar disso, Carlos, quando observa os vadios em farrapos a fumar e outros vadios a fumar também de sobrecasaca, critica as pessoas da cidade dizendo que mostram uma imagem horrível para quem vem de fora, contundo, Ega, realça que apesar disso, Lisboa faz a diferença. Depois desta troca de ideias, Ega, insiste para irem primeiro à Avenida antes de irem ao Ramalhete.
Já na avenida, Carlos, faz uma pequena reflexão sobre as recordações que tinha da antiga Lisboa, comparando com a atual Lisboa. Uma das coisas que o chamou mais à atenção foi o uso das botas compridas. Essa nova moda explicava que Portugal estava a tentar abandonar o seu feitio antigo à D. João VI e a passar para um feitio moderno, o que explicava todo o Portugal contemporâneo. Os amigos mostravam-se desiludidos, porque apesar de Portugal querer passar para um feitio moderno, não tinha originalidade para criar o seu próprio feitio, ou seja, sentia a necessidade de “copiar” pelo estrangeiro. Entretanto a tipóia para e Carlos avista a fachada severa do Ramalhete com comoção.

Os dois amigos [...] vão visitar as salas. Primeiramente, no peristilo, observam que os bancos feudais de carvalho ainda se conservam, mas no entanto, o espaço estava lúgubre, pelo que, acham melhor passar para a memória mais triste, o escritório de Afonso da Maia (avô de Carlos). Já no quarto, Carlos faz uma reflexão de como lá sofreu e se pensou em matar, mas, apesar de tudo, tem a noção de que, apesar de só ter vivido 2 anos naquela casa, tem lá a sua vida inteira.   
Os amigos, após uma conversa, chegam à conclusão que é inútil fazer esforços ou correr com ânsia para alguma coisa, até que, Carlos lembra-se que está atrasado para o jantar [...] e os amigos acabam por ter de correr e fazer um esforço para conseguirem apanhar o “Americano”.

·       Comparação de Carlos e Gonçalo:
Enquanto Carlos pensa em se dedicar à diplomacia mas acaba por desistir pois associa a política à ocupação dos inúteis, Gonçalo não desiste do seu sonho quando pensa em se dedicar à política. A partir desta ideia, podemos então perceber que Carlos não luta por aquilo que anseia, sendo Gonçalo o seu oposto, pois luta por aquilo que realmente quer, mesmo se depois percebe que era um sonho vazio. E recomeça.
Carolina O., 11A

Imagem: o ator basileiro Fábio Assunção, como Carlos da Maia, em série da TV GLOBO

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